Papa Inocêncio
Recebi um ultimato do destino.
Para ser aceito,
Eu preciso atravessar o mar real a nado.
Preciso inventar minha própria ilha
preciso recriar-me no espaço.
Não há tempo pra mais nada.
Há só um fiapo de caminho.
Depois do caminho, o sol é imponderável.
Amparado pelas alturas, equilibro-me na vertigem.
O abismo olha para dentro de mim
E em sua voracidade, eu sou apenas um grão
de qualquer coisa
.
O medo quebrou as minhas asas e eu
já não sei recriar-me no espaço.
Não há por que medir profundidades
onde há somente abismos.
Não me submeteria a um Conclave.
Sou a inocência frágil fiando estrelas
na escuridão.
CK
Carlos Kahê
Enviado por Carlos Kahê em 11/05/2025