Kahê em pessoa
Potências que existem em nós.
Textos
O que dizem dos livros

Sou eu quem rouba as tuas lembranças,
quando estás sozinha.
Roubo os amigos, os teus alimentos... e levo
embora a tua bússola repleta de destinos.
.
Roubei a borracha que apagaria os teus erros.
Enchi os teus olhos de areia, e as bocas estomacais
de chuva. Enchi tuas calhas de resíduos.
.
Plantei aranhas nos canteiros
E versos plangentes a quem nos roubou
a memória.
.
Onde estás agora?
Sem bússola. Sem direção. Sem destino?
O instante é breve.
O lado racional maltrata, por ser exíguo.
.
Eu sei onde estás.  
E sei que os teus peitos cresceram
me esperando.
.
O meu arbusto floresceu dentro da tua saudade.
.
Fiz-me passar por alguém que a levaria ao cinema.
Não apareci... E sei que estás me esperando.
.
Na claridade, fiz promessas,  mas
só roubei os teus cigarros.
.
Dividi a fumaça com os olhos de vento.
Agora, sou este monstro constituido em traças
e brochuras.
.
Rabisquei desenhos alunares...  
Debuchei-me.  
A deixei  só numa mesa farta de amarguras.
.
Montei e desmontei
todos os teus quebra-cabeças
E exigi que a liberdade caminhasse firme
E nos levasse ao massacre.
.
Ouvi testemunhos falsos.
Lamúrias nas bancas de tv.
O romanesco, beirando o simplório.
Pule essa página.

Deixe que falem. Permita que chorem.
Lágrimas salgadas de oceanos sem vida
são sintomas graves.
São loucuras breves, sem métodos.
.
Aguarde notícias.
Por enquanto, me deixe errar sozinho.
Quando o poeta está errando, não interfira.
Deixe-o enlouquecer.
.
De mãos dadas, rumaremos ao desastre.
Permita que nos matem.
Que nos rasguem e nos apaguem.
Vamos nos pertencer.
.
Formaremos uma ideia.
Alimentaremos tudo o que de certa forma,
possa gerar futuro.
.
O livro tem futuro.
O livro tem a força impressionante das águas,
Quando expõe as visceras daquilo que se perpetuaria
intramuros.

CK
Carlos Kahê
Enviado por Carlos Kahê em 09/04/2025
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