Entre e fique à vontade.
A porta já estava aberta para quando abrisses
o coração.
Entre... Mas, onde deixaste o riso?

O sorriso entra nas casas, antes dos chapéus.

Você entrou na minha vida, como um
comunicado de justiça.

Fez sua empreitada ligeira, como as plantas
rasteiras que invadem a terra, sem pressa
de livrarem-se dos seus véus.

Pise a soleira da minha solidão
E beba um pouco da minha insanidade,
Mas sente-se no vazio.

O sofá da boa-vontade continua
em fase de reconstrução.

O desconcerto é essa árvore frondosa
à porta.
As suas ramagens penetraram as janelas
Para nos proteger e quebrar a insolação.

Percebo que hesitas em falar.

Se não falas, eu mal te escuto...  
A tarde, assim, continuará indefinida, ou
Continuaremos sem assunto.

A naturalidade não ganhou vida,
E as páginas escuras  do teu livro reverberam
um sol inteiro de ponderações.

Haverá sempre entre nós essa partilha incontida
de sentimentos, mas embrulhados por ironias
Que não ressaltam.
Acima de tudo,
Resistirá essa clara necessidade de refazimento
e de situação.
Volte no dia seguinte aos estrondos nos céus.
Venha para (juntos) apurarmos os grãos das nossas inteligências.

CK