Bom dia, flor do dia!
O evangelho do dia,
Deus o escreveu, saudando-me:
Bom dia, flor, do dia!
Pulei da cama.
Não era Deus.
Engasgado com um abismo de cápsulas,
Submetido a diferentes ampolas,
Fiz combinações com tragédias que se definem
protetoras do meu organismo.
Deus continuou o seu evangelho...
O homem precisa entender a sua hora.
Fui caminhar na praia
Fui saltar as sete ondinhas
Fui reduzir os recalques...
As diabéticas me fizeram doce
As estomacais me encheram de azia
As guturais me fizeram escândalo
As zodiacais perderam a linha das mãos.
Caminhei ao sol, mergulhado em multidões
de quero-queros.
Perdoa-me, se a minha felicidade o incomoda!
Mas a lua cheia fez um desenho na barrinha...
Meu amor!
O rio correu ao longo da praia, deixou a areia volúvel,
indecisa, imprensada entre as águas morenas do rio
e o oceano branco deitado sobre a espuma...
Pegou a visão ou entrou pelo ponto cego?
Não entendo o teu ponto de vista, pois são trágicas
e volúveis as incertezas marinhas.
Consta que os caranguejos coloridos
se despiram no condado e travestiram-se de soldados.
Eles agora respondem pelos aratus: dos ossos às oscilações
do mercado.
Se me permitem, encostarei os meus labirintos nas ondas.
Mas já começo a confundir a eletricidade dos peixes,
do bagre ao xaréu.
Você me perguntou de onde eu vim?
Assim, na lata, não sei te dizer.
Acho que vim da metáfora.
Eu gostaria de insistir na imagem do rio castanho
cortando a praia ao meio.
Deus, que manja de tudo abriu-me o correio:
Copia e vem na minha cola e vai ser feliz com o resultado!
Eu fui!
Se joga! Me joguei.
Foram as palavras do Senhor?
Não, essas são palavras com as quais sonhei.
Não fiquei naquela onda do quero-não-quero.
joguei fora, todos os comprimidos.
Fui!
Postei tudo que já estava em mim definido.
Praia enorme, rio moreno de barrinha e mar infinito
Peixes azuis!
São escola fora da escola.
CK
Carlos Kahê
Enviado por Carlos Kahê em 04/02/2025
Alterado em 05/02/2025